Estudo revela que adolescentes com traços de frieza emocional demonstram sinais de psicopatia

Estudo revela que adolescentes com traços de frieza emocional demonstram sinais de psicopatia

Publicado na revista científica Frontiers in Psychiatry, o estudo juntou as universidades de Coimbra (UC), Porto (UP) e Minho (UMinho), bem como as instituições University College London e Royal Holloway University, no Reino Unido.

Nesta investigação, que envolveu 47 jovens do sexo masculino com idades compreendidas entre os 15 e os 18 anos, foram avaliados os traços de frieza emocional, ou seja, a falta de empatia e desprezo pelo bem-estar e sentimentos dos outros. Para tal, os jovens visualizaram animações em vídeo com exemplos de transgressões morais, tais como tomar o lugar de uma idosa num transporte público ou guardar dinheiro que caiu do bolso de outra pessoa.

«A abordagem de desenhos animados permitiu-nos criar estímulos mais reais e próximos dos jovens que podem acontecer no nosso quotidiano», afirma Óscar Gonçalves, investigador no Proaction Lab da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC), esclarecendo que «os jovens foram questionados sobre quão culpados se sentiriam se fossem os próprios a cometer as ações imorais e quão erradas as julgaram ser».

Os traços de frieza emocional observados na infância e adolescência são considerados precursores de psicopatia – um transtorno marcado por um comportamento antissocial grave e persistente – na idade adulta.

A principal descoberta deste estudo relaciona-se com o papel moderador dos traços de frieza na associação entre o sentimento de culpa e o julgamento moral. Margarida Vasconcelos, investigadora da Universidade do Minho, explica que «os adultos com psicopatia apresentam baixos níveis de culpa, mas julgam ações imorais como erradas, porém o nosso estudo demonstra que os jovens com elevados níveis de frieza emocional apresentam baixos níveis de culpa e julgam as ações imorais como menos erradas».

Segundo os autores do estudo, os resultados obtidos vão «contribuir para o desenvolvimento de um modelo de comportamento antissocial severo e, ainda, permitir o desenvolvimento de alvos de intervenção, reabilitação e prevenção precoce de comportamento antissocial».

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