Portugueses fazem avaliação positiva da evolução do SNS

Portugueses fazem avaliação positiva da evolução do SNS

A perceção global dos portugueses sobre a evolução do SNS é positiva, apesar de existir uma perceção negativa em relação aos tempos de espera. Esta é uma das principais conclusões do estudo Índice de Saúde Sustentável, apresentado durante A 11ª Conferência Sustentabilidade em Saúde, que decorreu no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, no passado dia 18 de abril.

O estudo, desenvolvido pela NOVA Information Management School (NOVA-IMS) da Universidade Nova de Lisboa, analisou pela primeira vez a perceção dos portugueses sobre a evolução do SNS nos últimos 10 anos e perspetivas para o futuro.

Globalmente a perceção dos portugueses sobre a evolução do SNS é favorável: 38% considera que a evolução foi positiva, 23% considera que está igual e 26,3% considera que piorou. Para estes dados contribui o facto de existir, na opinião dos portugueses, uma maior expectativa de resolver os problemas de saúde, nomeadamente nas doenças cardiovasculares (48,8%), doenças oncológicas (47,6%) e doenças crónicas (45%). Esta expectativa de resolução de problemas de saúde deve-se sobretudo, de acordo com os inquiridos, a melhores meios de diagnóstico e medicamentos mais inovadores.

Questionados sobre o futuro do SNS, os portugueses consideram que a principal prioridade para os próximos dez anos deve ser o investimento nos profissionais de saúde (61,6%). Seguem-se depois o investimento nas instalações e equipamentos (32,9%) e em meios de diagnóstico (29,5%).

“Estes dados devem ter em conta a evolução que a própria medicina tem registado nos últimos anos. Os próprios inquiridos justificam esta perceção com melhores meios de diagnóstico e medicamentos mais inovadores. Como confiam nos métodos de diagnósticos as pessoas encaram cada vez mais os cuidados de saúde de uma forma preventiva, mais de metade dos inquiridos (53,6%) recorreram aos cuidados de saúde como forma de prevenção de uma doença. Esta atitude preventiva permite diagnósticos mais precoces que reforçam as taxas de sucesso e simultaneamente a confiança no sistema. Destacamos que 82,2% dos inquiridos consideram que estão informados sobre o seu estado de saúde e sabem como prevenir uma doença. Temos, no entanto, que salientar que a perceção mais negativa está relacionada com os tempos de espera, que foram identificados como a principal causa de quem considera que tem menor expetativa de resolver os seus problemas de saúde”, afirma Pedro Simões Coelho, professor da NOVA IMS e coordenador principal do projeto Índice de Saúde Sustentável.

De acordo com o estudo, os cuidados prestados pelo SNS permitiram evitar a ausência laboral em 1,6 dias, correspondendo a uma poupança de 7 milhões de euros. O SNS teve ainda um impacto positivo na produtividade, tendo permitido evitar 9,9 dias perdidos em produtividade, que se traduziu numa poupança de 4,5 mil milhões de euros. Totalizando o impacto no absentismo e na produtividade, o SNS permitiu uma poupança global de 5,2 mil milhões de euros (impacto por via dos salários). Considerando o impacto dessa poupança por via dos salários e a relação entre produtividade/remuneração (valos referência do INE), é possível concluir que os cuidados prestados pelo SNS permitiram um retorno económico de 7,8 mil milhões de euros.

Globalmente, os utentes portugueses continuam a considerar o preço do SNS adequado, assim como os valores pagos pelos medicamentos. No entanto, 30% considera o valor das taxas moderadoras do serviço de urgência inadequadas. Comparando o valor das taxas moderadoras percecionadas com as taxas reais, os utentes têm uma perceção do valor das taxas moderadoras superior ao seu valor real.

O Índice de Saúde Sustentável permanece praticamente inalterado, em comparação com 2021, tendo registado um valor de 91,8 pontos em 2022 e de 92,5 pontos no ano anterior. Os parâmetros de análise que compõem o índice são a qualidade (técnica e percecionada), a acessibilidade (técnica e percecionada), a atividade do sistema, a despesa e a evolução da dívida. Em comparação com 2021, a variação foi mais significativa na despesa que aumentou 6% (atingindo 13,12 mil milhões de euros), tendo-se verificado, contudo, um decréscimo do défice (-3%). Registou-se também um decréscimo significativo no stock da dívida vencida face ao ano anterior (-8%).

Iniciada em 2014, a parceria entre a biofarmacêutica AbbVie e a NOVA IMS resultou na criação do primeiro índice capaz de quantificar a sustentabilidade do SNS. O estudo “Índice de Saúde Sustentável” procura compreender os contributos económicos e não económicos do SNS, conhecer o impacto dos custos de utilização do sistema no nível de utilização do mesmo e identificar pontos fortes e fracos do SNS, bem como possíveis áreas prioritárias de atuação.

Na foto: Pedro-Simoes-Coelho-professor-da-NOVA-IMS

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