Portugal é o primeiro país na Europa a estudar os “desertos de notícias”
A Universidade da Beira Interior, em colaboração com o Aveiro Media Competence Center, divulga o novo estudo intitulado “Desertos de Notícias Europa 2022: Relatório de Portugal”. Depois dos Estados Unidos da América e do Brasil, Portugal é o primeiro país do continente europeu a estudar esta problemática.
O estudo tem como objetivo analisar quais os concelhos de Portugal continental e ilhas que têm projetos jornalísticos (jornais, rádios ou meios exclusivamente digitais) registados na ERC – Entidade Reguladora para a Comunicação.
Infere-se do estudo conclusões como a real iminência de mais de metade dos concelhos portugueses são ou podem vir a ser desertos de notícias; constata-se que os distritos de Bragança, Portalegre, Santarém, Vila Real e Viseu são aqueles onde este problema se faz sentir com mais intensidade; prova-se que é nos concelhos do interior do país onde há maior falta de produção local de notícias; conclui-se que não existe jornais impressos a fazer cobertura noticiosa em cerca de 60% dos concelhos de Portugal e, aproximadamente, 40% não possui nenhuma rádio a veicular notícias locais; ademais, em 157 concelhos, correspondente a 51% do território nacional, não há nenhum meio de comunicação digital, entre outras ilações que podem ser aprofundadas neste relatório.
A Associação Portuguesa de Imprensa tem, nos últimos anos, demonstrado as suas preocupações com a desertificação da imprensa regional e local. No passado mês de maio, no ciclo de conferências “Repensar a Imprensa”, foram apontadas ideias e vias para evitar este fenómeno que dados de 2021 já apontavam como inevitável. Segundo João Palmeiro, presidente da Associação: “mais de 20% do território autárquico não tem nenhuma publicação periódica regional ou local no seu território a que se soma uma diminuição dos pontos de venda de publicações periódicas nacionais”.
O estudo “Desertos de Notícias Europa 2022: Relatório de Portugal” está disponível para consulta e download, em português e inglês, no site do AMCC e através deste link.