Estudo: glóbulos vermelhos podem ajudar a prever risco de morte e enfartes

Estudo: glóbulos vermelhos podem ajudar a prever risco de morte e enfartes

Investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e do Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ) descobriram como os glóbulos vermelhos podem ajudar a prever risco de morte e de enfartes do miocárdio.

De acordo com a investigação, publicada no World Journal of Surgery, “o RDW, um parâmetro hematológico que mede a diferença entre as células maiores e menores dos glóbulos vermelhos, pode ajudar a prever o risco de mortalidade e da ocorrência de enfarte agudo do miocárdio após a realização de uma cirurgia vascular às artérias”.

Nos resultados publicados, a 12 de janeiro, os investigadores portugueses relataram que “por cada aumento de uma unidade na amplitude de distribuição dos glóbulos vermelhos, o já designado RDW aumenta em 8% o risco de o doente sofrer um enfarte e em 10% o risco de mortalidade no período pós-operatório”.

Marina Dias Neto, professora da FMUP e uma das autoras do estudo, explica que “a utilização de parâmetros hematológicos, como é o caso do RDW, têm vindo a ser investigados ao longo dos anos por se tratar de parâmetros baratos, medidos por rotina na prática clínica e, por isso, facilmente acessíveis em todos os hospitais”.

Outra das conclusões a que chegaram os investigadores relaciona-se com a descoberta de três fatores que interferem no prognóstico após uma cirurgia arterial, nomeadamente a idade do paciente, o seu estado funcional e o ser ou não portador de diabetes tratada com insulina.

Segundo os autores do estudo, “o risco de morte aumenta 8% por cada ano de idade com que o paciente é submetido à cirurgia”. Por outro lado, o risco de enfarte “aumenta cerca de cinco vezes em pacientes que são dependentes de terceiros para as suas atividades de vida diária”, e no caso de doentes diabéticos que necessitam de tratamento com insulina, esse risco “aumenta cerca de quatro vezes”.

Face a estes novos dados, os médicos podem definir com maior exatidão quais são os doentes submetidos a cirurgia vascular arterial que têm pior prognóstico, incorporando essa estratificação na “decisão cirúrgica, na deteção precoce e na prevenção de efeitos adversos, sempre que possível”. Assim, os dados obtidos nesta investigação, escrevem os autores no artigo, podem “fornecer informação valiosa para a prevenção e gestão precoce de resultados adversos”.

Além de Marina Dias Neto, colaboraram neste estudo os médicos e investigadores Francisca Caldeira de Albuquerque, João Rocha Neves e Pedro Videira Reis.

Imagem de allinonemovie, Pixabay.

Partilhar