Cadeira de rodas controlada pelo cérebro obtém nível de precisão sem precedentes
As cadeiras de rodas guiadas pelo cérebro apresentam-se como uma solução promissora para pessoas com deficiências motoras graves, que não podem usar interfaces convencionais. A baixa fiabilidade e precisão das interfaces cérebro-computador (ICCs) baseadas em eletroencefalografia (EEG) e o elevado esforço mental exigido ao utilizador – que fornece os comandos por meio de sinais cerebrais para conduzir a cadeira de rodas, sem atividade muscular –, inviabilizam a sua utilização, por razões de segurança.
O sistema proposto pela equipa do ISR e IPT, cujos resultados já se encontram publicados na IEEE Transactions on Human-Machine Systems, assenta numa nova abordagem que combina três componentes: ritmo personalizado, comandos de tempo ajustado e controlo colaborativo.
A equipa de investigação que criou este sistema é constituída por Aniana Cruz, Ana Lopes, Carlos Carona e Urbano J. Nunes. A viabilidade do sistema foi validada em várias experiências realizadas com 6 pessoas com deficiências motoras graves, da Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra (APCC), e 7 pessoas sem deficiência (grupo de controlo).
Os participantes tinham de efetuar percursos de navegação diferentes em ambientes semelhantes aos de um escritório, como corredores, passagem de portas, gabinetes, acessos e desvio de obstáculos e de pessoas.
Apesar das experiências provarem um nível de precisão e fiabilidade sem precedentes, superior a 99%, o investigador previne que o sistema desenvolvido ainda «não possui a maturidade para entrar no mercado. Para além destas experiências terem decorrido em ambiente relativamente controlado, outro desafio prende-se com os sistemas de aquisição dos sinais eletroencefalográficos».
Por outro lado, conclui, «a montagem e ergonomia dos elétrodos ainda terá de melhorar. Finalmente, para utilização do sistema em ambientes domésticos mais dinâmicos e exigentes, teremos de introduzir mais módulos de perceção do meio circundante, um trabalho que já iniciamos». O sistema foi desenvolvido no âmbito do projeto de investigação e desenvolvimento (I&D) “B-RELIABLE: métodos para melhoria da fiabilidade e a interação em sistemas de interface cérebro-máquina através da integração da deteção automática de erros”, cofinanciado por fundos europeus e pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).