“A adaptação da lente de contacto é um processo fundamental”

“A adaptação da lente de contacto é um processo fundamental”

Estima-se que 42% das pessoas que deixam de utilizar lentes de contacto fazem-no nos primeiros três meses de utilização1. Porque é que isso acontece e quais as razões que levam a este abandono?

Existem vários estudos que falam sobre o abandono de lentes de contacto e existem muitos dados, e todos eles vão ao encontro dos mesmos pontos. Obviamente que nos primeiros três meses o paciente está a viver uma nova experiência. Uma lente de contacto é algo diferente, um corpo estranho que está no olho e para o qual é necessário um período de adaptação. É uma nova rotina, o paciente tem de colocar, retirar, higienizar a lente (no caso de não serem descartáveis diárias), tem que se sentir confortável durante o tempo de utilização, e a lente tem de lhe proporcionar uma boa qualidade de visão. Se durante estes primeiros tempos estas condições não estiverem reunidas, ou se alguma delas falhar, o paciente vai sentir que usar lentes de contacto é algo que não vale a pena e vai desistir da sua utilização. Por isso, as três principais razões que levam ao abandono das lentes de contacto nos primeiros meses são:

Problemas de manuseamento: os utilizadores têm dificuldades no manuseamento, o que causa dificuldades na sua inserção ou remoção;

Qualidade de visão reduzida e desconforto: os novos utilizadores sentem que a lente de contacto não lhes está a proporcionar uma qualidade visual adequada, ou que esperariam, durante o dia, e sentem algum tipo de desconforto durante a utilização;

Falta de apoio dos profissionais: os utilizadores sentem falta de apoio e de informação regular, durante o período inicial, de forma a estabelecerem uma rotina com as suas novas lentes de contacto, uma vez iniciada a sua utilização.

Este terceiro ponto é muito importante. Quando um novo utilizador de lentes de contacto chega a uma ótica é-lhe prestada muita atenção. É feita uma consulta, pedida a lente de contacto que se acredita que é a mais adequada para o paciente, realiza-se a adaptação, são dadas várias instruções… há uma educação por parte do profissional ao paciente. No entanto, depois do paciente sair da ótica essa ligação é mais fugaz e é aí que reside um dos problemas para o abandono das lentes de contacto. Os profissionais deveriam manter um elo de ligação com o novo utilizador de lentes de contacto e desta forma proporcionar-lhe o máximo de acompanhamento possível para que o novo utilizador perceba que não está sozinho nesta nova experiência, que pode tirar dúvidas e que o processo de adaptação é relativamente simples. 

A entrevista completa está disponível na Revista ÓpticaPro 230.

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