Mercado ótico em Portugal está numa fase de transformação
Pela quinta vez, a revista ÓpticaPro apresenta as óticas em Portugal (CAE 47782 – Comércio a retalho de material ótico, fotográfico, cinematográfico e de instrumentos de precisão, em estabelecimentos especializados) com maior volume de negócio, ordenadas pelo indicador “Proveitos Operacionais”. A nossa amostra, obtida através da SABI Informa, assenta em 300 empresas e os dados dizem respeito a 2023 (algumas óticas expõem ainda dados de 2021 ou 2022). Trata-se de uma informação pública, reunida exaustiva e profissionalmente, para acrescentar valor a quem nos lê.
Se consultarmos os dados oficiais publicados pelo Banco de Portugal, e aproveitando as palavras de um dos nossos testemunhos, podemos concluir que “estamos num mercado em expansão, mas com um aumento significativo de alguns custos específicos (que parece ter acentuado em 2024). 4,5 % de crescimento de faturação global num mercado maduro como o da ótica não pode deixar de ser uma boa notícia para o setor. O aumento das taxas de juro resultou simultaneamente num aumento de custo de financiamento (3,3% para 5,5%) e num menor acesso a empréstimos (em 2022, os financiamentos representavam em média 21,6% do ativo e caiu em 2023 para 16,1%). De resto, podemos dizer que o mercado ótico mantém uma percentagem elevada de microempresas, com apenas 13 empresas caracterizadas como médias”.
No ano transato, continuámos a assistir a uma enorme concentração do setor em grupos de ótica e à procura de muitas insígnias com peso no mercado para alargar a presença em novas localizações. Mais, se olharmos para os últimos anos vemos um crescimento acentuado de estabelecimentos de ótica face à diminuição da população em Portugal (comparativo com o último Censo), traduzindo-se em maior concorrência e disputa do mesmo mercado e espaço. “Em 2023, o rácio per capita de estabelecimentos de ótica por população terá subido de forma relevante e nem sempre mais concorrência será sinónimo de melhores serviços para o consumidor final. Por outro lado, potenciam-se novas necessidades visuais, fruto dos novos tempos, e o impacto que as tecnologias têm no quotidiano das pessoas, sobretudo dos novos jovens, transpõem para o setor uma maior capacidade de resiliência para garantia do futuro”, diz-nos outro respondente do nosso inquérito.
A evolução tecnológica também marcou o setor da ótica em 2023, com novas ferramentas de diagnóstico e plataformas digitais a ganharem espaço no atendimento e no acompanhamento dos clientes. “Essas inovações tecnológicas, embora fundamentais para o progresso do setor, implicam um investimento significativo e uma necessidade de constante atualização. Enfrentamos ainda desafios relacionados com a escassez de profissionais qualificados, o que impacta diretamente na nossa capacidade de expansão e na qualidade do serviço”, adiciona um dos nossos entrevistados.
O mercado ótico em Portugal está, assim, numa fase de transformação, onde a inovação e a capacidade de adaptação são pilares essenciais para acompanhar as expectativas dos consumidores e responder aos desafios de um setor cada vez mais dinâmico.
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