300 mil pessoas sem dinheiro para saúde oral

300 mil pessoas sem dinheiro para saúde oral

A Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) divulgou a 9ª edição do Barómetro de Saúde Oral, que mais uma vez traça o retrato da sociedade portuguesa no que diz respeito a hábitos de higiene, dentição, visitas ao médico dentista, perceção sobre saúde oral, oferta pública e gastos familiares. Mais pessoas sem dinheiro para ir ao médico dentista, mais pessoas sem dentes e piores hábitos de higiene oral são as principais conclusões do estudo.

Os dados do Barómetro de Saúde Oral 2024 revelam que cerca de 1 milhão de pessoas nunca vão ou vão menos de uma vez por ano ao médico dentista, sendo que há 300 mil (30%) que apontam a falta de dinheiro como justificação para não realizarem qualquer consulta de medicina dentária. Uma percentagem que agrava 5,6 pontos percentuais em relação a 2023. 

Apesar de não ser possível estabelecer uma relação direta entre estes dois pontos, a verdade é que 98,2% dos inquiridos considera importante e/ou muito importante o acesso à saúde oral através do Serviço Nacional de Saúde. A este indicador há ainda a acrescentar que 96,3% dos inquridos acredita que o Governo deveria comparticipar os tratamentos dentários, tal como faz com os medicamentos. 

De acordo com o estudo, a percentagem de pessoas que só procuram o médico dentista em caso de urgência aumentou para 24,0%, um acréscimo de 1,4 pontos percentuais em comparação com 2023.  

Relativamente à caracterização das pessoas que “nunca vai ou foi ao médico dentista”, destacam-se as pessoas mais velhas como as que mais afirmam nunca ter ido a consultas: “Entre os portugueses com 65 ou mais anos, 7,6% nunca foram ao médico dentista”. Analisando por região, verifica-se que a Grande Lisboa e o Sul são os locais onde mais pessoas indicam nunca ter ido ao médico dentista. 

Miguel Pavão, bastonário da OMD, afirma que “estes resultados envergonham o país e refletem a ausência de investimento na saúde oral. Os portugueses continuam à espera que o Governo apresente o Programa Nacional de Saúde Oral, que seria conhecido até ao final de 2024”. O bastonário sustenta que “enquanto a Organização Mundial da Saúde dá passos importantes no reconhecimento do impacto da saúde oral na saúde geral e desafia os países a trabalharem para garantir o acesso universal a estes cuidados, o reforço do direito à saúde oral, em Portugal, continua estagnado”. 

Grau de satisfação com o médico dentista 

Considerando os dados apresentados no estudo, é de realçar que 33,9% dos inquiridos revelam que a confiança no médico dentista é o fator mais importante numa consulta, enquanto 95,7% revelam estar satisfeitos e/ou muito satisfeitos com o seu médico dentista. 

Quando existe insatisfação, os motivos remetem, principalmente para os resultados dos tratamentos (47,2%) e para os preços apresentados (46,1%).  De destacar neste ponto também, é que 69,7% dos portugueses nunca mudaram de médico dentista ou só o ponderam fazer por razões de necessidade. Em comparação ao ano de 2023, houve uma diminuição de portugueses que mudaram ou estão a pensar mudar de médico dentista. 

Pode aceder ao estudo aqui.

Imagem de Lafayett Zapata Montero, Unsplash

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